Nutrindo a inovação

Inovação é um conceito que não é associado frequentemente a uma indústria como a nossa, que tem as raízes na história antiga. Ainda assim, ironicamente (e sem a intenção de fazer qualquer trocadilho), a ascensão da humanidade através das civilizações é virtualmente definida pelos tipos de materiais com os quais se conseguia trabalhar em cada época. Por meio da inovação, nossos ancestrais mais antigos passaram da Idade da Pedra à Idade do Bronze, que, em sequência, tornou-se a Idade do Ferro. Não é por acidente que as principais eras da história humana recebem os nomes dos tipos de materiais com os quais as civilizações foram aprendendo a trabalhar. E por que, então? Porque a habilidade de se trabalhar com metais era uma medida da dominância e superioridade entre as civilizações, países e culturas – desde os tempos antigos até o presente. Culturas construídas a partir de conquistas tinham como base as técnicas metalúrgicas que permitiam a produção de ferramentas para poupar tempo e trabalho e, mais importante, a fabricação de armas avançadas. Acredito que você, leitor, possa dizer que algumas coisas nunca mudam, a não ser o tempo – este sempre muda.

Se formos considerar apenas os últimos 150 anos poderemos ver que a inovação foi responsável por fenômenos como a Revolução Industrial, o desenvolvimento de peças intercambiáveis e por criar o modo de produção em massa, citando apenas alguns. Meios de transporte mais rápidos, mais confortáveis e mais acessíveis economicamente foram desenvolvidos e, ao conseguirmos voar, fomos capazes de superar as limitações da gravidade, realizar manobras de inserção orbital e, finalmente, fazer expedições espaciais.

Apesar de uma ampla gama de inovações ter surgido de necessidades puramente econômicas, muitas outras também vieram da busca por superioridade militar. Essas duas motivações frequentemente eram sobrepostas. No meio de todo esse cenário, as inovações em metalurgia tiveram importante participação ao se transformar as ideias geniais em aplicações práticas, inclusive para a obtenção dos produtos e dispositivos que revolucionaram o mundo.

Com base em todas essas informações, podemos dizer que a inovação é geralmente aceita como algo bom e, de maneira figurada ou literal, pode pagar os dividendos daqueles que aprendem a trabalhar com isso. A maior parte dos dicionários define inovação usando frases como “algo novo ou diferente” ou como “a introdução de algo novo”.

Todos nós sabemos o que é, porém, apenas alguns têm o dom natural de nutrir uma cultura que produza inovação em nossas organizações. Não há uma fórmula estabelecida para criar universalmente inovações, mas aqueles que observam e estudam o fenômeno concordam que as inovações surgem em culturas organizacionais que encorajam a forma de pensamento não tradicional, usualmente se esquivando das fronteiras estabelecidas pelas hierarquias corporativas. A inovação não segue uma ordem do tipo “de cima para baixo” (top down), mas vem, preferencialmente, da cultura da empresa que estimula a criatividade interativa dos seus funcionários e que abraça as falhas originadas do processo, desde que haja aprendizado a partir delas.

Em seu livro “Os Inovadores” (The Innovators), Walter Isaacson discute exatamente esse tipo de cultura, presente nos Bell Labs (Bell Laboratories), localizados em Murray Hill, Nova Jersey, após a Segunda Guerra Mundial. Lá, a equipe interdisciplinar de John Bardeen, Walter Brattain e William Shockley fez a proeza monumental (e vencedora do Prêmio Nobel de 1956) de inventar o transistor, um dispositivo eletrônico que propulsou avanços nas áreas de comunicação e de projeto de computadores para a idade moderna. Isaacson descreve uma cultura similar na Apple de Steve Jobs, em uma época em que o céu era o limite para criação das formas e do funcionamento de todos os “i-products” revolucionários, que foram criados durante a sua supervisão.

Essas são histórias extraordinárias, no entanto, elas são relevantes para a indústria regular de forjamento? Por tudo o que há de valor, eu acho que são. Todo gerente de negócios sabe que inovação é algo desejado e quanto mais dela houver, melhor será para a empresa. Contudo, nunca se sabe de quais fontes as soluções para problemas empresariais irão surgir. Por exemplo, a próxima inovação tecnológica em sua empresa poderia ser criada, talvez, a partir de interações entre seu departamento de contabilidade e os operadores de máquina da fábrica.

Enfim, é uma questão de se criar um ambiente de trabalho no qual um evento como esse possa acontecer.

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