Em um período marcado por uma queda acentuada da atividade industrial no país (-9,2% em março e -18,8% em abril, segundo o IBGE), a Usiminas apresentou na última quinta-feira, dia 30 de julho, os resultados do segundo trimestre de 2020. A companhia anunciou, ainda, medidas de retomada de algumas atividades que estavam parcialmente paralisadas em função da abrupta retração do mercado.
Conforme o balanço do segundo trimestre, o Ebitda Ajustado consolidado ficou em R$ 192 milhões no período, com recuo de 66,3% em relação ao 1T20 (R$ 569 milhões) e a margem Ebitda Ajustado foi de 7,9%, contra 14,9% no primeiro trimestre do ano. No mesmo comparativo com os três primeiros meses de 2020, o lucro bruto foi de R$ 279 milhões, uma redução de 46%. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 395 milhões, contra os R$ 424 milhões negativos do trimestre anterior.
Mesmo com os esperados reflexos dos impactos econômicos da pandemia da Covid-19 nos resultados, a companhia manteve uma posição sólida de caixa, de R$ 2,5 bilhões em 30 de junho, anunciando uma elevação no seu plano de investimentos para o ano, de R$ 600 milhões para R$ 800 milhões.
Os principais aportes devem acontecer em iniciativas de meio ambiente e na implantação do projeto de empilhamento a seco (dry stacking) da Mineração Usiminas. Segundo o presidente da empresa, Sergio Leite, desde o início da pandemia, a Usiminas tomou medidas importantes para se adequar ao cenário, de maneira ágil e estratégica, e garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo. Para o executivo, a companhia está preparada para uma resposta rápida a uma esperada retomada do mercado.
“Adotamos uma série de ajustes que nos permitiram passar pelos momentos mais críticos da crise sem, contudo, comprometer o nosso caixa e nossa capacidade de atender de maneira rápida à expectativa de melhoria da demanda para os próximos meses. E é isso que estamos fazendo agora ao anunciarmos a retomada gradual das operações do Alto-Forno 1 e da Aciaria 1 da Usina de Ipatinga e das laminações em Cubatão, na Baixada Santista”, afirma Leite.
As expectativas para o segundo semestre, conforme entidades do setor, devem ser de recuperação gradual da atividade industrial no país. Leite lembra que, conforme dados divulgados nesta semana pelo Instituto Aço Brasil, a indústria siderúrgica no país enfrentou seu pior momento em abril, com indicadores que voltaram ao patamar de 15 anos atrás. No primeiro semestre de 2020, a produção de aço bruto no país teve uma queda de 17,9% e o consumo aparente retraiu 10,5%. “Como toda a indústria do setor, sobretudo para o segmento de aços planos, nós na Usiminas estamos confiantes que o pior já passou e que a trajetória agora é de retomada, apesar dos enormes desafios que temos pela frente”, afirma.
Por área de negócios, o principal destaque no segundo trimestre do ano foram os resultados da Mineração Usiminas (Musa). O Ebitda Ajustado da Musa, de R$ 380 milhões no segundo trimestre do ano, atingiu sua máxima histórica, com um aumento de 77,8% em relação ao 1T20. A margem Ebitda Ajustado da empresa ficou em 51% (36,8% no trimestre anterior).
A unidade produziu 2 milhões de toneladas de minério de ferro (queda de 6,7% na comparação com o 1T20) e registrou vendas de 1,9 milhão de toneladas (redução de 14% em relação ao 1T20). Já a receita líquida alcançou R$ 746 milhões, com alta de 28,3% quando comparada ao trimestre anterior (1T20). A elevação ocorreu principalmente em função da desvalorização do real frente ao dólar, do aumento do preço do minério e da redução no preço do frete.
No que diz respeito aos investimentos, a Musa registrou aportes de R$ 50 milhões no segundo trimestre. A empresa já iniciou a implantação do seu projeto de empilhamento a seco (dry stacking), licenciado no mês de junho pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente. O novo sistema de disposição de rejeitos vai permitir a substituição das barragens convencionais e garantir importantes ganhos ambientais e de segurança.
Na unidade de Siderurgia, os resultados refletiram diretamente a retração registrada nas vendas internas e externas de aço, a partir de março e mais acentuadamente em abril. A produção de aço bruto na usina de Ipatinga ficou em 533 mil toneladas no 2T20, inferior em 30,9% em relação ao 1T20, e a de laminados (Ipatinga e Cubatão) totalizou 0,7 milhão de toneladas no 2T20, com redução de 38,5% no comparativo com 1T20. Já as vendas totais somaram 608 mil toneladas (redução de 42% em relação ao 1T20), com 83% direcionadas ao mercado interno e 17% às exportações. Com isso, o Ebitda Ajustado da unidade de Siderurgia atingiu R$ 102 milhões negativos no 2T20 (R$ 370 milhões positivos no 1T20) e a margem Ebitda Ajustado ficou negativa em 5,4% (positiva em 11,4% no 1T20).
Na Soluções Usiminas, a receita líquida do segundo trimestre do ano totalizou R$ 498 milhões, com redução de 44,7% em relação ao 1T20. O Ebitda Ajustado da unidade no período ficou em R$ 11 milhões negativos (R$ 25 milhões positivos no 1T20) e a margem Ebitda Ajustado foi de 2,2% negativos (2,7% positivos no 1T20).
Na Usiminas Mecânica, empresa de bens de capital sob encomenda, houve diminuição de 62,6% na receita líquida do segundo trimestre (R$ 43 milhões) quando comparada com a registrada no primeiro trimestre do ano (R$ 115 milhões). A unidade apresentou prejuízo bruto de R$ 37 milhões no 2T20 (R$ 4 milhões de prejuízo bruto no 1T20) e Ebitda Ajustado negativo em R$ 67 milhões (R$ 10 milhões negativos no 1T20).
No final de junho, a Usiminas Mecânica (UMSA) teve sua reestruturação aprovada pelo Conselho de Administração da Companhia. A empresa manteve apenas as atividades relacionadas à prestação de serviços para a Usiminas e suas controladas, ressalvando a conclusão dos projetos externos já em andamento. As atividades da UMSA não constituem o core business da Usiminas e a empresa vinha apresentando significativa redução na geração de caixa nos últimos cinco anos, com resultados decrescentes nos segmentos de montagem industrial e manufatura.
Para o presidente Sergio Leite, a Usiminas está agora reestruturada para o novo momento. “Desde o início da pandemia, a companhia vem concentrando esforços em três principais frentes: o cuidado com a saúde e segurança das pessoas, a manutenção do caixa e a geração de resultados. Mesmo num cenário tão complexo, no qual medidas necessárias tiveram que ser adotadas, estamos fortalecidos para assegurar a perenidade da companhia”, conclui o executivo.
No que diz respeito à participação da empresa no esforço coletivo de enfrentamento da pandemia da Covid-19, a Usiminas já investiu cerca de R$ 27 milhões em iniciativas diversas. Foram dezenas de investimentos por meio da Fundação São Francisco Xavier, braço social da companhia nas áreas de Educação e Saúde e responsável pela gestão de quatro unidades hospitalares instaladas em cidades de Minas Gerais e em Cubatão. São hospitais referência para 35 municípios do Leste de Minas e para a Baixada Santista, com parte expressiva dos atendimentos dedicada a pacientes do SUS.
Desde o início da pandemia, entre outras iniciativas, foram adquiridos novos respiradores mecânicos, instalados em um andar inteiro dedicado a pacientes do Coronavírus no Hospital Márcio Cunha, de Ipatinga, adquiridos novos leitos de UTI e equipamentos diversos. Foram direcionados recursos também para ações como a doação de 40 toneladas de alimentos para comunidades socialmente vulneráveis, de 150 mil máscaras de proteção para colaboradores, familiares e comunidades e para a higienização de espaços públicos com grande circulação de pessoas em Ipatinga e Cubatão. A empresa vem participando, ainda, de outras ações em parceria com entidades como o Senai, que vem liderando um programa de recuperação de respiradores mecânicos.
Sobre a Usiminas
A Usiminas é líder no mercado brasileiro de aços planos e um dos maiores complexos siderúrgicos da América Latina. A companhia conta com unidades industriais e logísticas localizadas em seis estados do país e está presente em toda a cadeia siderúrgica – da extração do minério, passando pela produção de aço até sua transformação em produtos e bens de capital customizados para o mercado. O avanço registrado pela siderúrgica nos últimos anos garante inovação, tecnologia e qualidade em todas as linhas de produção, e permite à empresa oferecer ao mercado um portfólio diversificado, com destaque para produtos e serviços de alto valor agregado. Por sua gestão ambiental, a Usiminas foi a segunda siderúrgica do mundo certificada com a ISO14001, gerando maior produtividade com menor consumo. A companhia contribui ainda para o desenvolvimento das comunidades onde atua, por meio do Instituto Usiminas e da Fundação São Francisco Xavier, oferecendo projetos nas áreas de saúde, educação, cultura, esporte e desenvolvimento social. As ações da Usiminas são negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque (ADR nível I) e Madri.