O Brasil fez bonito, de novo, e foi prata na Olimpíada Internacional de Forjamento

O estudante de Engenharia da Unisinos, Guilherme Goulart, obteve grande sucesso na Olimpíada Estudantil Internacional de Forjamento 2021, organizada pelo QForm Group. Ele foi medalha de Prata. A edição contou com a participação de 54 universidades de 19 países e o resultado pode ser visto em https://qform3d.com/news/2021/08/05 . O Brasil já havia feito bonito na edição de 2020 e mostrado a sua competência, quando obteve a medalha de bronze (reveja a matéria).

 

A Olimpíada acontece no primeiro semestre do ano e possui duas etapas, a nacional e a internacional. Os participantes recebem um desafio e então devem projetar a peça forjada a quente, a matriz de forjamento e definir as etapas do processo de fabricação. Além disso, devem produzir um relatório técnico contendo todo o seu desenvolvimento. Esse relatório é avaliado por um comitê técnico-científico e o campeão nacional disputa a etapa internacional, onde é avaliado novamente por um comitê com integrantes de vários países.

 

A Etapa Nacional ocorreu em abril de 2021, de forma on-line, onde todos os participantes receberam as instruções no mesmo horário e tiveram 6 horas para desenvolver o seu projeto de forjamento via simulação e entregar o seu relatório. 1º Colocado na Etapa Nacional e 2º

 

Colocado Mundial, Guilherme contou que gosta de desafios e que viu a Olimpíada como oportunidade para colocar em prática seus conhecimentos da faculdade.

O software QForm é um tecnologia de ponta na simulação de processos de Forjamento, além de outros processos de conformação mecânica e de tratamento térmico.. O programa é bem conhecido pela interface mais amigável, algoritmos automatizados e um ótimo suporte técnico-profissional. Falando especificamente sobre o uso acadêmico, o QForm é uma ferramenta muito interessante, ainda mais no período atual onde a ida aos laboratórios está reduzida, sendo possível visualizar o processo via simulação e de maneira ainda mais aprofundada.

Qualquer estudante de graduação pode participar da Olimpíada, que é anual. Para se inscrever, basta acessar a página da Olimpíada pelo site https://www.qform3d.com/education/olympiad . Para se preparar, acesse acesse os relatórios das edições anteriores, além do relatório e simulação do Guilherme Goulart neste link.

O Guilherme respondeu a algumas perguntas para contar como foi a experiência de participar da Olimpíada:

Figura: Exemplo das análises realizadas no relatório do medalhista de prata de 2021 (fibragem e tesões nas matrizes).

 

1 – Quem é o Guilherme?

Uma pessoa calma e alegre, sou estudioso e gosto de me desafiar. Sou engenheiro mecânico, formado no primeiro semestre de 2021 na Unisinos, cursando dois mestrados atualmente, um na PUCRS e outro na UFRGS. Profissionalmente sou especialista de processos na Maxiforja Componentes Automotivos Ltda.

 

2   – Nos fale um pouco sobre a sua universidade e o seu contato com a área de forjamento.

A Unisinos é uma universidade focada na prática. Os semestres iniciais nos preparam com a teoria para podermos aplicar com segurança o conhecimento obtido em desafios práticos. Cursei o bacharelado de engenharia mecânica, e nele os Engenheiros são formados em 4 pilares, sendo eles: manufatura, automação e robótica, projetos e sistemas mecânicos e, por fim, instalações industriais. Meu primeiro contato na universidade com a área de forjamento foi na cadeira de conformação, onde aprendemos os tipos de equipamentos, os conceitos de conformação, incluindo o forjamento e os seus cálculos gerais como definição de força de forjamento, determinação da massa do envolvente, seleção de equipamentos, definição de pré-formas etc. Esta cadeira é um dos pré-requisitos do pilar da manufatura.

 

3   – Como foi a experiência com a Olimpíada?

Uma experiência única, consegui utilizar vários recursos da universidade e aplicar o conhecimento da área no desafio apresentado na Olimpíada. Até mesmo o limitante do tempo serviu como grande incentivo para ter insights rápidos e tentar contornar problemas durante a competição. Além disso, por ser uma experiência nova tanto para mim, como estudante, quanto para a universidade, me proporcionou uma aproximação com a coordenação do curso e vi no Professor Walter Fontana um grande incentivador para eu competir representando a Unisinos.

 

4   – Como se preparou para realizar a Olimpíada? Quais foram os maiores desafios?

Minha primeira ação foi buscar todos os relatórios dos primeiros colocados das últimas competições da Olimpíada. Observei o que tinham em comum e o que cada um fez de diferencial, buscando os tópicos ou insights que se destacavam. O software tem uma interface muito amigável e eu já tinha experiência com ele, mas optei também por modelar as ferramentas em um software CAD no qual eu também já tinha algum domínio, eliminando riscos de ter problemas com o software, e podendo focar na resolução da proposta. Por ser um desenvolvimento de um processo completo de forjamento, o maior desafio foi conseguir expor e explicar as minhas decisões com embasamento teórico. Deixei preparado o material de consulta que eu utilizei de referência, mas algumas decisões, como por exemplo o tamanho em milímetros de sobremetal a utilizar que impacta no peso de corte, são feitas pensando em um processo, podendo ou não influenciar de forma negativa na pontuação da competição. Então, na minha opinião, o maior desafio foi conseguir balancear o ato de desenvolver um processo dentro de uma competição, o que pode somar ou tirar pontos. Essas dúvidas aumentam o desafio em si.

 

5   – Onde você estava quando recebeu o resultado? Como você se sentiu?

Foi dia 05 de agosto às 11:15, quando o Prof. Dr. Alisson Duarte mandou uma mensagem no grupo de Whatsapp da Olimpíada, dando os parabéns e informando da medalha de prata, eu estava no trabalho. É difícil explicar o sentimento, por ser um misto de sensações. Basicamente, foi uma grande satisfação! Particularmente, eu achei o resultado formidável. Fiquei muito feliz!

 

6   – Quais foram as pessoas que te parabenizaram e o que elas te disseram?

Por eu estar no trabalho, meus colegas receberam a notícia comigo basicamente e todos eles ficaram extremamente felizes, visto que foram os maiores incentivadores para eu participar da competição. Na sequência, informei minha mãe e minha namorada e meus amigos que também ficaram muito felizes. Todos me deram os parabéns e ficaram muito orgulhosos do resultado.

 

7   – Você considera importante esse pilar da simulação no mercado hoje?

Sem dúvida nenhuma é extremamente importante, tanto que é considerado um dos pilares da indústria 4.0, ou seja, é uma parte da revolução industrial que estamos vivendo hoje. Profissionalmente falando, vejo a simulação impactar positivamente na otimização de processos e, principalmente, no try-out de novas ferramentas. Os valores economizados no desenvolvimento de um novo item ou processo geram lucros exorbitantes para as empresas, além de uma compreensão maior dos próprios processos, gerando ações e melhorias efetivas e verificáveis.

 

8   – Qual o seu sentimento em relação ao comportamento dos profissionais responsáveis pelo QForm na tratativa com os profissionais da área de conformação mecânica no Brasil?

Eu tive a oportunidade de acompanhar os novos releases do software e vi que muitas melhorias estão sendo feitas, considerando as necessidades dos usuários do software. Então, acredito que os responsáveis do software estão atentos ao mercado bem como aos usuários.

 

9   – Como você enxerga a eficiência do software QForm na indústria brasileira?

Na empresa que trabalho já usamos o QForm como ferramenta de simulação de forjamento e os resultados que obtemos sempre condizem com a prática, se mostrando então uma ferramenta indispensável. Temos como cultura que todos os processos de forjamento devem ter seu gêmeo digital com o QForm e as alterações e modificações de processos devem ser passadas para versão digital. Além disso, as melhorias exploradas via simulação, quando validadas, devem ser homologadas na prática. Agora, vendo de um modo geral, acredito que o software seja acessível para empresas de maior porte, tanto pelos recursos físicos quanto pelos profissionais envolvidos na utilização, de forma satisfatória do mesmo. Acredito que ainda tenhamos muitas empresas que tiveram más experiências com simulações e acabam desacreditando neste recurso, o que é um cenário que deve ser mudado visando sempre apresentar o potencial de uma simulação no pré-desenvolvimento de um processo ou item novo. Outra questão que vejo como um “gap” na indústria é a utilização do software por projetistas de componentes. Muitas vezes vejo que o design de uma peça é focado apenas na montagem e nunca na fabricação, o que às vezes acaba inviabilizando um processo de forjamento ou dificultando muito o mesmo.

 

10      – Você recomenda que os outros alunos participem da Olimpíada Internacional de Forjamento? Por quê?

Claro que sim. Tanto para se desafiar quanto para aplicar o conhecimento obtido nas universidades. Penso que quanto maior for esta competição, maiores serão os desafios e melhor vai ser a visibilidade da indústria de forjamento brasileira. O aluno que compete de alguma forma é um aluno que se interessa não apenas em estudar para buscar um emprego, mas que se mostra interessado pela ciência por trás do aprendizado, para validar e avaliar tudo aquilo que foi aprendido. É um desafio particular e que traz muita satisfação, independente do resultado.

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